Eu tentei ser pastor, mas Deus tinha um plano melhor

Eu não me lembro quando foi a primeira vez que eu tive convicção do meu chamado pastoral, mas eu me lembro que a primeira vez que eu preguei em uma igreja eu fui cheio da certeza de que eu faria aquilo pelo resto de minha vida.

Não se tratava de estar em uma plataforma ou por ter a oportunidade de segurar um microfone apenas pra falar algo. Na verdade, eu precisei de coragem e de me lembrar que Deus que me capacitaria pra fazer aquilo.

Mas se tratava do amor pelas vidas, a paixão pelo Evangelho e de sentir a dor dos perdidos. Se tratava em usar o que Deus estava me entregando para edificar a Sua igreja e ver a humanidade vivendo a plenitude do seu propósito.

Além disso, o ministério pastoral também era o reflexo do que eu já vivia: toda semana eu me dedicava em receber pessoas na minha casa pra irmos mais fundo em Deus; me envolvia e liderava algumas atividades da juventude; ou então simplesmente marcava reuniões espontâneas de louvor e oração. Se tratava de uma paixão.

Com o coração queimando, alimentei o sonho de fazer uma escola bíblica no exterior. Focava em ir pra Hillsong, mas em 2012 as portas se abriram pra ir pra Bethel Church, fazer a escola ministerial.

Em meu primeiro mês na Califórnia, eu tive a minha primeira visão. Eu estava orando em meu quarto quando vi uma imagem do Rio de Janeiro que me deixou em êxtase. Os detalhes dessa experiência é um assunto pra um outro post, mas depois daquilo eu sabia que eu voltaria ao Brasil.

Por isso, nos dois anos seguintes eu tinha a certeza de que eu estava sendo preparado pra retornar à minha origem e compartilhar o que eu estava vivendo em Redding com o meu povo.

Até que chegou o momento de voltar ao Brasil e a expectativa era grande!

Os dois primeiros meses foram ótimos: no primeiro dia, algumas horas depois de desembarcar no Rio, apareceu um trabalho temporário durante a Copa do Mundo de 2014, o que me ajudaria financeiramente naquele momento.

Mas a parte que mais fazia o meu coração queimar era pela Igreja! E tudo parecia ainda mais perfeito quando surgiu a oportunidade de liderar o grupo de jovens adultos da minha igreja local. E em apenas um mês com divulgação boca-a-boca, reunimos e treinamos 40 voluntários. Tudo estava dando certo e a galera estava bem animada!

Porém, uma semana antes dos nossos encontros começarem, a liderança geral da igreja disse que era melhor não dar continuidade ao projeto. Aquela notícia foi como um balde de água fria! Na época foi bem difícil porque eu via a situação como pura politicagem pelo cenário que se apresentava. Foi tenso!

Eu confesso que não sou de ficar fazendo média, mas ao mesmo tempo busco em Deus a melhor solução para os meus desafios. Então depois de alguns meses, quando eu tive paz, decidi me desligar daquela igreja.

Não foi fácil. Eu me sentia injustiçado e fiquei muito ofendido pelo ocorrido. Mas eu também sabia que o lugar de ofensa era uma estrada que só tinha uma direção: ladeira abaixo… 

O meu problema é que eu achava que aquela seria a minha oportunidade de me tornar pastor e eu sentia que isso tinha sido tomado de mim. Frustração!

Porém, depois da BSSM, o fato de ver e experimentar sinais e maravilhas no meu cotidiano se tornou algo normal, principalmente através de curas. E mesmo passando por aquela situação, eu queria fazer mais. Afinal, Jesus não disse para pregarmos o Evangelho apenas se alguém nos der uma oportunidade ministerial, né?

Foi quando eu decidi escrever.

E escrevi pra mim mesmo o Me Desculpe Se A Igreja Te Machucou. O texto acabou dando uma certa viralizando, se tornando Top 10 no WordPress por alguns dias, alcançando mais de 70 mil pessoas. Se eu queria alcançar mais vidas, aquilo parecia incrível!

Mas, o mais importante, é que o meu processo de cura se tornou cura para muitos outros. Comecei a receber diversas mensagens de pessoas falando o quanto foram abençoadas pelas minhas palavras.

Ah, e também não fiquei desigrejado: voltei à minha origem, frenquentando a igreja batista onde fui criado e recebido de braços abertos. Mas quando eu vi que o meu coração estava em paz e resolvido, em setembro de 2015 comecei encontros na minha casa, com o foco de encorajar o andar nos dons com ensinos voltados ao poder de Deus através de nossas vidas.

Na primeira reunião éramos três pessoas, mas depois de alguns meses nos tornamos uma pequena igreja chamada ONDHA. Como já não tinha mais espaço na minha casa pra acomodar todo mundo, acabamos alugando uma sala em um hotel. Víamos o favor de Deus nos acompanhando em todo momento!

O tempo passou, tudo estava fluindo. Foi quando Deus colocou mais um propósito em meu coração: de levar pessoas até Redding para experimentar o que Ele estava fazendo através da Bethel. Foi aí que nasceu a Revival Trip.

Só que faltando poucos meses pra primeira edição da viagem, eu percebi que o ONDHA já não estava avançando. As pessoas já não pareciam mais animadas e muitos daqueles que faziam parte da comunidade começaram a se afastar e a frequentar outras igrejas.

Certamente aquela situação me fez questionar o direcionamento que Deus tinha me dado. Também comecei a me questionar como líder, tentando descobrir e melhorar aonde tinha errado. Mas como nunca me reuni pela quantidade e sim pelo propósito, entreguei nas mãos do Pai e permanecemos em frente por mais um tempo.

Até que voltamos ao mesmo número e ao mesmo lugar do começo: três pessoas na minha casa. E foi quando senti que aquele era, de fato, o fim de uma linda e desafiante temporada.

Por isso, fui em paz pra Revival Trip e tivemos um tempo sobrenatural! Foi uma experiência maravilhosa para cada participante, cheia de romper!

Mas, apesar de tudo o que vivemos como grupo, a melhor parte foi o fato de que eu conheci uma pessoa muito especial.

Essa pessoa era uma linda alemã que falava português fluente. Ela estava concluindo o seu terceiro ano na BSSM.

A conexão foi tão incrível que decidimos namorar, mesmo com a distância entre o Brasil e os Estados Unidos.

Só que essa fase de namoro só durou três meses… Pois casamos!

Bem… quando eu olho pra trás, colocar um ponto final no ONDHA seria uma decisão muito díficil pelo ponto de vista natural, pois para muitos talvez aquele era um sinal de fracasso.

Mas quando você anda com Deus, você não vive para ter a aprovação das pessoas. E por isso você precisa descobrir aonde você está perseverando e aonde você está simplesmente agindo com teimosia devido aos que os outros vão pensar.

Na época eu não sabia as consequências da minha decisão, foi um passo de fé. Mas se eu não tivesse largado tudo no Brasil e avançado pro que Deus estava me chamando, dificilmente eu estaria vivendo o que vivo hoje: conhecido a mulher da minha vida, feito 4 celebrações de casamento e viajado com ela por 8 países diferentes em um período de 6 meses.

Além disso, talvez eu não estivesse vivendo uma história que tem trazido tanto encorajamento para muitos que se sentem sem esperança na área de relacionamento e para muitos outros que estavam prestes a enterrar sonhos. 

A minha perspectiva era limitada ao que Deus podia fazer, mas o Seu amor ilimitado me fez romper!

Até por isso que recentemente começamos o FAMILIA DOS SANTOS, para compartilharmos ainda mais da nossa jornada e o que Deus está fazendo em nossas vidas (que você também pode seguir no Instagram @familia.dossantos).

Com o resumo da minha história, eu quero voltar ao título e compartilhar 5 pontos que foram fundamentais e que me fizeram permanecer firme nas promessas de Deus e na Palavra:

1- Nunca limite as oportunidades

Deus é um Deus criativo e Ele colocou a Sua própria vida dentro de você. É possível respeitar as pessoas ao seu redor e honrar a liderança sem limitar o que Deus te fala. Deus não está numa caixa!

Hoje, com um simples blog, eu tenho a oportunidade de ver cada vez mais pessoas sendo impactadas, tanto pelos meus textos e vídeos, como pelos workshops que ministro.

2- Uma porta fechada não é o fim da linha

Aprenda a olhar uma porta fechada como uma oportunidade pra inovar e empreender, para trazer novas idéias e soluções que ainda não existem nesse mundo. Uma porta fechada pode ser uma oportunidade para CRIAR com Ele!

3- Não avance com a frustração

Se decepcionar? Ok. Mas alimentar isso é uma escolha que te leva à depressão, solidão, tristeza profunda, amargura. Isso te faz caminhar longe do seu propósito, longe daquilo que Deus te criou pra ser e de tudo aquilo que Ele planejou pra você.

Por isso renove a sua mente na Palavra e lembre-se de tudo aquilo que Ele está fazendo por você, nem que seja pela oportunidade de viver mais um dia! Saiba que não vale a pena repetir tantas vezes na sua cabeça um momento que deu errado e que te trouxe sofrimento e dor, quando se pode focar em crescer no amor do Pai.

4- Não tenha pressa pra chegar aonde Deus te chamou

Ao fazer uma viagem de carro, são as crianças que ficam perguntando de 5 em 5 minutos se falta muito pra chegar em um certo destino.

Certamente Deus quer que você mantenha o coração como de uma criança e tenha expectativa pelo novo, mas pra chegar aonde Ele te está te chamando, você vai precisar de maturidade.

Então ao invés de ficar ansioso ou com medo de dar errado, aproveite a paisagem do trajeto e confie na direção de Deus!

5- Não tente ser algo, apenas flua o que você é

Na minha transição de igreja, eu ainda tentei fazer com que a porta não se fechasse, mas todos os meus esforços foram em vão.

Porém, eu descobri pela experiência algo que eu já sabia na teoria: pastoreio não se trata de título, é um dom irrevogável dado por Deus para a edificação da Igreja.

Ou seja, você não pode tentar ser pastor: ou você é ou você não é. Simples assim. Quando você tenta ser, você contamina o seu coração para se encaixar em um padrão aceitável ao natural. Mas Deus tem uma história sobrenatural pra sua vida!

E por mais que eu acredite que seja muito importante o reconhecimento pastoral dado por uma igreja e por líderes que te acompanham, também acredito que isso não pode limitar aquilo que Deus colocou na sua vida. 

Pois é por limitar o dom de Deus, que infelizmente vemos tanta fofoca e pessoas apunhalando uma às outras em nossas congregações, pois passa-se a agir por performance pra alcançar uma certa posição.

Não vale a pena! Deus não quer que você tente ser algo, Ele quer que você caminhe como filho. E aquilo que Ele te entregou, vai fluir.

Talvez nesse momento você seja uma pessoa que está há anos se sentindo travada ministerialmente por causa da falta do reconhecimento pastoral. Mas se você chegou até aqui, eu quero te encorajar a permanecer confiando em Deus. Ele nunca falha!

E agora eu concluo dizendo: não tente alcançar um título. Apenas seja quem Ele te chamou pra ser, aproveitando cada dia para ser uma benção por onde você passar e para todos aqueles que estiverem ao seu redor. 

 

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